28.10.10

Livros

Acabei de ler o Deus das Moscas este fds, ao lado da lareira, no Gerês.

Não foi fácil, tenho que admitir. Imaginar uma cabeça de porco a escorrer sangue, cheia de moscas, a gritar-nos os nossos medos, não é uma ideia agradável, e não importa se somos uma criança de 10 anos numa ilha deserta cheia de outras crianças assustadas, ou uma adulta de 33 anos, sozinha em casa, a ler um livro, à noite.

Mas agarrei-me à minha vontade de terminar o livro, de não desistir, e quando o acabei, por estes dias, num ambiente mais acolhedor e acompanhada, fiquei contente por o ter feito. Muito bem escrito e intenso. E muito real.

Pelo caminho li A rapariga das laranjas, de Jostein Gaarder, mas pareceu-me demasiado leve e piegas (não gosto quando me puxam pelo sentimento de forma declarada).

Comecei a ler O Roubo, de Peter Carey, que já arrecadou dois booker prize, mas ainda é cedo para dizer. O critério foi escolher um livro bem-disposto e isso parece-me que consegui!

27.10.10

Escrever posts às duas da manhã

Nota mental: não beber café com leite depois de jantar.

Tricotar mantas

Não é o fim do episódio da série preferida que dita a hora de ir para a cama, mas o acabar de tricotar a linha da manta.

A crise e o vegetarianismo

Eu não sei se é a repetição exaustiva do tema crise, se o orçamento de estado ou a sua "inexistência", se o IRS, se o IVA, se o meu carro que insiste em avariar todas as peças que o fazem trabalhar, mas ultimamente, por vezes, é um medo. É a casa para pagar, os infantários e o carro e tudo e tudo, e eu sei que há a mãe e o pai e o irmão e o outro irmão, e o namorado, a amiga e o tio, mas no fim do mês sou eu que tenho que pagar tudo, sozinha, e é um medo.

E depois é o senhor na tasca, na Régua, a almoçar o seu pedaço enorme de carne e o arroz com feijão (já repararam como as doses de comida aumentam, à medida que se sobe na bússula, para Norte?), e a rapariga na televisão a aconselhar a preferência pelos vegetais, a que se reduzam as doses de carne e peixe, mais caras, menos saudáveis, e o homem, entre uma dentada na costoleta e outra
"Qualquer dia temos que ser todos vegetarianos, querem ver?!"
e penso que, se isto ainda dá para me rir só de me lembrar, então não está tudo perdido.

Ultimamente, todos os filmes me fazem chorar



Walking up the hill tonight
when you have closed your eyes.
I wish I didn't have to make
all those mistakes and be wise.
Please try to be patient
and know that I'm still learning.
I'm sorry that you have to see
the strength inside me burning.

But where are you my angel now?
Don't you see me crying?
And I know that you can't do it all
but you can't say I'm not trying.
I'm on my knees in front of him
but he doesn't seem to see me.
With all his troubles on his mind
he's looking right through me.
And I'm letting myself down
beside this fire in you.
And I wish that you could see
that half my troubles too.

Looking at you sleeping
I'm with the man I know.
I'm sitting here weeping
while the hours pass so slow.
And I know that in the morning
I'll have to let you go
and you'll be just a man
once I used to know.
But for these past few days
someone I don't recognize.
This isn't all my fault.
when will you realize?

Looking at you leaving, I'm looking for a sign

Do filme Once. Tão bonito, tão.

18.10.10

Gostar de livros infantis


"O vizinho do sétimo esquerdo toca piano, canta e nunca desafina. Tem uns cabelos despenteados e uns dedos mais compridos que aulas de matemática.
Mas o que realmente me impressiona é que ele toca músicas tristes e isso deixa-o feliz.
Chega a chorar de felicidade (eu já vi)."

15.10.10

Festa do cinema Francês



Os filmes bonitos dão-me vontade de chorar.

13.10.10

Entre o Outono e o Inverno



Davam-me jeito uns sapatos assim. Fechados, mas curtos.
(A Camper está com uns preços ultrajantes)

Continuo a preferir os infantis





És mesmo tu?
Eu queria TODOS os livros desta editora.

12.10.10

Era uma mulher

Era uma mulher que chorava um ano depois.

Ou seja: a mulher tinha um acontecimento dramático, angustiante ou apenas triste, mas só um ano depois é que ela reagia como se espera numa destas situações. Com drama, angústia ou tristeza.

A coisa passava-se assim: acontecia qualquer coisa difícil de gerir. As pessoas reagiam. Ela não.

Ficava ali a aguentar-se, a convencer-se que estava tudo bem, que nada tinha acontecido, a mostrar aos outros que não havia motivo para preocupação, animando este ou aquele, não dando grande conversa - afinal, estava tudo bem. Havia até quem a achasse desprovida de emoções e insensível, fria.

Mas isso era só porque não sabiam o que estava para vir.

É que exactamente um ano depois, à mesma hora, mais coisa menos coisa, a mulher reagia.

Imagine-se uma panela de pressão. Sopa a ferver. A sopa vai fervendo. E fervendo. Lentamente. Está tudo calmo na cozinha. E então a panela começa a apitar, o vapor a sair furiosamente, um estardalhaço.

Com a mulher era mais ou menos a mesma coisa.

É claro que no caso da panela de pressão a coisa resolve-se facilmente: desliga-se a panela e o vapor vai saindo pacificamente, até que o silêncio volta à cozinha e talvez se coma a sopa. No caso da mulher não. Animadas por um ano exacto de combustão lenta, as emoções surgiam então descontroladas pela impaciente espera. Era um salve-se quem puder.

Naturalmente, um ano depois, todas as pessoas já se tinham esquecido e ultrapassado a coisa. Restava então à mulher, não só digerir sentimentos fora de tempo, como fazê-lo sozinha. E ainda tinha que lidar com a surpresa e incompreensão de todos.

Imagine-se o seguinte diálogo:
"Estou tão triste."
"Então?"
"Fui despedida."
"Outra vez?!"
"Não. Fez ontem um ano!"
"Mas não estás já a trabalhar?"
"Sim."
"E não gostas do teu emprego?"
"Sim."
"Então porque é que estás assim agora?!"

Pois.

Às vezes era até mais caricato: imagine-se que no mesmíssimo dia em que, um ano antes, se tinha dado o infeliz acontecimento, havia agora um acontecimento feliz. Não calhava nada bem, e as pessoas ficavam até um pouco impacientes.

Uma coisa consolava a mulher: os sentimentos bons eram pontuais e imediatos.

8.10.10

Quinta-feira à noite

Enquanto tricoto furiosamente filinhas de lã vermelha, ouço a rádio e fico a saber do concerto de Tindersticks, do concerto de The Drums e dos espectáculos do Cirque du Soleil. Tendo em conta a miséria financeira em que as férias e a oficina me deixaram, talvez não seja mau de todo que o rádio do carro não esteja a funcionar.

7.10.10

Headphones on. Worl off.



You'd think I would know
All the answers to the questions before I get old
But I've spent too much time thinking
And I've spent too much time doing
It's time to go
...
And I need fun, fun, fun, fun, fun, fun
In my life
And I need life
In my fun, fun, fun, fun, fun, fun

Oh, I took a walk yesterday all around New York City
And I saw something written on a car
It said "The less you own the more freedom you have"
The less you own the more freedom you have
So I went home and I threw it all away