29.4.09

O meu preferido do Indie deste ano


Gostei muito. Tão bom, na sua simplicidade crua.

28.4.09

Os pássaros nascem na ponta das árvores

As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvore acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam e movimentam-se
Deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
Quando o Outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração

Ruy Belo

O quadro que estava na sala já está no corredor

A separação deixou-me sem ferramentas. Sempre que entrava na sala, lembrava-me que queria mudar o quadro para o corredor. É importante para mim mudar coisas na casa. Muda também as coisas cá dentro.

Ontem, cansada de esperar pelas ferramentas e pela ajuda e pelas coisinhas que não sei como se chamam e que nunca mais comprava, meti mãos à obra.

Primeiro foi tentar arrancar as coisinhas sem nome da parede da sala para as usar no corredor. A parte de plástico branco saiu facilmente, mas a parte "prego" (chamemos-lhe assim) não havia maneira de sair. O que, provavelmente, nem é de espantar, tendo em conta que as ferramentas disponíveis são vulgarmente utilizadas para fazer brincos.

Ultrapassada essa dificuldade, passei para a parte de marcar o sítio dos buracos, sem dispor de nível ou de fita métrica. Foi a olho e usando uma folha para medir a distância do tecto ao buraco. Em último caso mudava o móvel mais para a esquerda ou direita. E se ficasse torto, podia sempre ser uma questão de estilo ou irreverência estética.

A seguir era preciso martelar sem martelo. Pensei uns segundos no que podia usar e fui buscar o pilão do almofariz, em madeira. Rapidamente ficou cheio de buraquinhos e as coisinhas brancas sem nome apenas semi-enterradas na parede. Pensei mais uns segundos e fui buscar a pedra de afiar facas. Done.

Depois, e aqui surgiu a maior dificuldade, foi acertar com o quadro nas coisinhas brancas. É que as coisinhas brancas, em segunda mão e com marretadas de pedra de afiar facas, não estavam propriamente muito firmes e cada vez que tentava prender lá o quadro, uma ou outra giravam a parte que supostamente seguraria o quadro para baixo, onde não fazia falta nenhuma. Era eu a por uma direitinha, e a outra a rebelar-se no canto oposto.

Suei, praguejei, risquei a parede toda com o quadro e quase chorei de frustração.

De repente, a minha fragilidade toda num quadro que não conseguia pendurar.
Eu sozinha.
Eu sem ninguém para me ajudar.
Eu sem martelo.
Eu coitadinha.
Coitadinha, coitadinha.

Depois, num golpe de sorte, o quadro lá se segurou nas coisinhas sem nome e eu senti-me um espectáculo.
Agora é ver quanto tempo se aguenta. (O quadro e a sensação)

A minha filha foi ao Indie com o pai


Só eu, para a reconhecer nesta foto.

26.4.09

Fim-de-semana

Muitos filmes. Conhecer pessoas novas. Estar com pessoas conhecidas. Muita chuva no sábado à noite. Sol no Domingo de manhã. Scones ao pequeno-almoço. Dormir, dormir.
Não queria que o fim-de-semana acabasse.

Finding the way home



Daqui.

24.4.09

E agora, quem é que me oferece o swatch do dia da mãe?


Ninguém, né? Pois. E este até é giro.
Depois nada, outra vez.
Depois foi como se tivesse sido toda picada por dentro.
A imagem mental que tive foi esta: um enxame enorme de abelhas à minha frente, a mover-se na minha direcção, ameaçadoras. Uma pessoa abelhas. E eu sem medo nenhum. Eu sem sentir nada. Odeio abelhas, tenho tanto medo. Mas nada. Nem um passo atrás, nem um impulso de fuga. Apenas uma ausência de emoções, um vazio, e as abelhas sempre à minha frente.

23.4.09

Coisas que eu vou oferecer a mim própria ainda este ano



Nem que tenha que comer restos ao almoço para todo o sempre.

21.4.09

Semana com filhos

Acordo sábado de madrugada com o filho, estremunhada. Na casa-de-banho, minutos depois, detenho o algodão cheio de acetona a milímetros da pele.
("Hum, a água de rosas não cheira assim.")

20.4.09

19.4.09

Eu sou a minha separação.

De repente, toda a gente espera que eu fale sobre isso, que explique, que me queixe, que reclame, que faça e diga qualquer coisa. Mas sobre isso.
Eu sou a minha separação e não me apetece falar sobre ela.
Não me apetece falar sobre os sentimentos, as angústias, os motivos, as razões, o bom, o mau, o assim assim.
De uma forma que ninguém parece perceber muito bem, e tendo falado com poucas pessoas sobre isso no passado, tudo o que sinto sobre o assunto já se esgotou. Eu esgotei o assunto sozinha. Antes. E agora, sinceramente, estou cansada. Não me apetece. Não quero. E não sinto que tenha que o fazer.

Uma vez que poucas pessoas parecem interessadas em falar comigo sobre outra coisa, e existindo até quem se chateie por eu não abordar este assunto, passo cada vez mais tempo calada.

O preocupante nisto, e aqui falo de uma novidade (sempre fui de falar imenso sobre tudo e mais alguma coisa), é que o silêncio é extremamente viciante. Não só viciante como contagioso. Tendo começado pelo tema separação, sinto agora que me é difícil falar até de coisas agradáveis e boas, ficando de boca calada e incapaz de verbalizar tudo o que antes me produzia discursos formidáveis.

E quando tenho vontade de dizer qualquer coisa, dou muitas vezes por mim a pensar: bom, esquece lá isso.

16.4.09

Todos ao Indie - secção infantil


Ora espreitem .

Filho

Sentamo-nos à mesa, ela muito sorridente e maquilhada, bonita. Penso que deve ser mais nova que eu. Penso que não deve ter filhos. Sinto-me à vontade com ela. O M. tem uma expressão meio desconfortável.

Fala que esteve com o nosso filho, que estabeleceu uma relação e que foi extremamente fácil. Que ele ria muito e colaborava e queria ficar com ela e brincar mais e fazer mais jogos. Que é muito inteligente.

Penso que é estranho vermos os nossos filhos pelos olhos dos outros.
Apetece-me dizer Mas ele não é assim. E, logo a seguir, Pois, ele é mesmo assim.

Achamos que os conhecemos melhor. E depois ela diz Ele fez este jogo todo sem dificuldade!, e eu a pensar Bolas. Eu não sabia que ele já era capaz. E ela descobriu em meia-hora.
O que é que eu faço em todas as nossas meias-horas juntos?

Discutimos a questão da televisão, as regras que devem ser parecidas nas duas casas.
Eu preciso da televisão. De os ter sossegados um bocadinho. O M. não.

E de repente.
Eu às vezes não sei o que fazer com eles.
Eu às vezes estou demasiado cansada.
Antes era quase sempre o M. que brincava com eles.
E agora sou só eu. Todas as minhas meias-horas só eu.
E às vezes não sei.

Os olhos cheios de lágrimas e ela a sorrir à minha frente, tão bonita, mais nova que eu. Provavelmente sem filhos. A dizer-me como fazer.

15.4.09

Eles continuam a rir e a crescer e a gostar de formigas

Photobucket

Semana sem filhos

Visito-os na casa do pai, estão na banheira. Sorriem quando me vêem.
O filho pergunta se fico ali com eles.
Ela pergunta se já lhe comprei a caderneta dos little pet shop.

Amigos com Bimby

Entrar em casa e ele "O jantar está pronto em vinte segundos!"

13.4.09

Gostar de fotos incompletas

Photobucket

Melhor é possível

Ontem, no AXN, um filme que já tinha visto, e me deu enorme prazer rever: Melhor é impossível.
Há filmes que nos fazem sentir bem. Definitivamente um dos meus preferidos de sempre.

8.4.09

Saudades do sol

Já me tinha esquecido como a Primavera é boa.
Fui umas três vezes ao Alvito, e sempre com os miúdos. Hoje fui lá almoçar.
Não digam a ninguém, mas é um espectáculo. A repetir.

7.4.09

Pois.

Manhã, eu a tentar que eles comam, os dois muito parvinhos a gozar e a fazer palhaçadas, em desespero apelo ao sentimento, Que estou sozinha, que têm que me ajudar e ela

"Então, não te tinhas separado. Porque é que te separaste?"

5.4.09

Curtas

Baby TV, água, peixinhos, música tranquila, cor, movimentos suaves, e o meu filho:
"Onde é que estão os tubarões, mãe?"

3.4.09

Vírus do ranho

Não é agradável, mas tenho que dizê-lo: nunca estive tão ranhosa na minha vida. Há duas semanas que me assoo ruidosa e incessantemente, para grande incómodo meu e provavelmente de quem me rodeia. Salvam-me o sinutab e os lenços de papel.

Estou também com dores de garganta e hoje comecei com pontadas num ouvido.
E agora? Ligo para o Dói Dói Trim Trim?

Mais havia para dizer, mas tenho que me ir assoar. Com licença.

2.4.09

A prova de que o meu pai já não está assim tão chateado comigo

(porque desfiz o mito de filha perfeita)

Ao telefone manda-me comer porque estou muito magra.

Hoje está sol e eu fiz um picnic

E qual é a primeira coisa que vem ao pensamento nos primeiros dias quentes de sol?
Sandálias, claro.



(A Fly London continua a marcar pontos)

1.4.09