30.11.09

Gostar do Natal

Os miúdos, entusiasmados, querem mostrar-me os calendários do advento que fizeram na escola, os pais-natais que desenharam, anseiam pelas gavetinhas que vamos abrir todas as noites. Ontem fomos a um teatro, amanhã temos um almoço com amigos, um lanche com outros amigos, e as prendas que vamos oferecer vão chegando.

De manhã quero surpreendê-los com torradas quentinhas, leite com chocolate e um pinheiro cheio de luzinhas a piscar.

Gostar do Natal - eles

J.: "Eu achava que o Pai Natal era uma rena!"
I.: "Não digas isso, senão ele não te dá prendinhas!"

25.11.09

Nó na garganta

Apercebi-me recentemente do realismo incrível desta expressão.

Antes achava que fosse, sei lá, uma maneira gira de colocar a coisa, um eufemismo. Mas não. Quando se diz "era como se tivesse um nó na garganta", a sensação pode ser literalmente essa.

Nó. Na garganta.

Acho até que se se investigasse a coisa, se pudessemos espreitar delicadamente, se descobriria realmente ali um nó, as entranhas torcidas a asfixiarem-nos, como uma coisa que quer sair e não consegue, e se enrola na pressa de escapar, se atropela e se torce na aflição da fuga.

Um nó.

Uma coisa que ocupa espaço e nos comprime por dentro. Nos obriga a respirar devagar, a suster mesmo a respiração, a abrir e fechar a boca, a engolir em seco, a tentar empurrar para dentro.

Talvez o problema seja mesmo esse: não se pode empurrar tudo para dentro.
Depois as coisas formam nós dolorosos. Na garganta ou onde for.

Gostar de bules


(Muito piroso, eu sei)

Daqui.

Prendas

Filhos
Pais
Irmãos
Namorado
Amigos
Família alargada

25 de Novembro. Estou orgulhosa de mim própria.

20.11.09

Amo. ou Música com dedicatória

(Para o J., que me faz sentir em casa)



Here is a song from the wrong side of town
Where I'm bound to the ground by the loneliest sound
And it pounds from within and is pinning me down

Here is a page from the emptiest stage
A cage or the heaviest cross ever made
A gauge of the deadliest trap ever laid

And I thank you for bringing me here
For showing me home
For singing these tears
Finally I've found that I belong here

The heat and the sickliest sweet smelling sheets
That cling to the backs of my knees and my feet
Well I'm drowning in time to a desperate beat

And I thank you for bringing me here
For showing me home
For singing these tears
Finally I've found that I belong

Feels like home
I should have known
From my first breath

God send the only true friend I call mine
Pretend that I'll make amends the next time
Befriend the glorious end of the line

And I thank you for bringing me here
For showing me home
For singing these tears
Finally I've found that I belong here

17.11.09

A propósito do Natal


Quem é que me oferece um calendário-cubo?
Eu, né? São tão giros que apetece mesmo.

16.11.09

Máquina de costura

Comprar foi rápido. Tirar da caixa demorou cerca de meio ano. Já olhei para ela, arrumadinha na secretária, mas ainda não me decidi ao passo seguinte. Acho que vou ver o DVD com as instruções.

12.11.09

Constatação

Os blogs que vou adicionando ao meu feed reader têm cada vez menos palavras e mais imagens.

Gosto muito do blog do Paulo

"Esboço # 74
(Estão sentados na varanda há horas, apenas iluminados pela lua; por vezes passa um carro algures, apressado e ruidoso, recordando que o mundo continua a girar. Conversam preguiçosamente e riem bastante; ou permanecem longos períodos em silêncio, confortáveis e serenos; levantam-se ocasionalmente para renovar as bebidas, para petiscar qualquer coisa, para passar pela casa de banho; mas regressam sempre, como se tivessem decidido permanecer na varanda até amanhecer. Nos primeiros meses do casamento era frequente ficarem juntos pela madrugada dentro, decididos a impedir que o sono os separasse momentaneamente, incapazes de se saciarem da companhia do outro; depois, quando tudo se tornou normal e previsível e rotineiro, os hábitos foram sendo alterados, devagarinho.)
ELE (após um longo período de silêncio): Conta-me um segredo. (Sorri, talvez nervoso ou arrependido.) Alguma coisa que nunca me tenhas contado, algo intímo e secreto e estranho.
(Ela olha-o, um pouco espantada. Estuda o seu perfil, escuta a sua respiração tranquila; pondera o que fazer, quase cede à tentação de mentir.)
ELA (numa voz arrastada e hesitante, apologética): Sabes, daquelas vezes em que te apetece fazer amor e finges não perceber os meus sinais, insistes apesar de saberes que eu não quero, apesar de saberes que não me apetece? (Ele move-se, desconfortável; ambos olham a escuridão.) Quando estás a fazer amor e eu à espera que termines, sabes o que sinto? (Hesita apenas um momento; num tom triste e desencantado.) É como se estivesse a ser violada. Sinto que estou a ser violada por um estranho. E nem posso gritar.
(Ele estremece, chocado; mas não fala, não se aproxima dela. Mantém-se em silêncio, agarrando os respectivos copos e olhando a lua; ambos com vontade de fugir mas incapazes de se moverem.)"


(A gaveta do Paulo)

Vício de programador

Esperar que o intellisense me complete as palavras.

O que realmente me assusta na gripe A

A possibilidade de uma semana inteira enfiada em casa com os miúdos.

10.11.09

Exercício

Sei que é noite porque é escuro, mas nada me situa na imensidão nocturna. Agora é assim. Sem relógio, sem telemóvel, sem despertador. Não suportaria o tique-taque do tempo a passar, a lembrar-me os minutos que foram, os que faltam ser, uma agonia de bocadinhos de tempo infindáveis, tiquetaqueados na minha cabeça, a lembrar-me que estou aqui sozinho. Sem ti.

Sei que a cama começa aqui e acaba ali, fui eu que a comprei, sozinho, quando o espanto e o desespero da tua ausência era ainda um sabor estranho e novo, a subir-me pelo peito e morrer-me na boca, ou então a nascer-me na boca e fugir-me para o peito, não sei bem, às vezes é como se viesse de todo o lado e se espalhasse por todo o lado, amargo, um ardor, uma espécie de azia do coração. Como se o que lá vivia tivesse saído do sítio, um refluxo de sentimentos, a invadir caminhos onde não era suposto estar.

Dizia, sei que a cama começa e acaba. Mas, à noite, é como se não tivesse fim. Como se o colchão se estendesse pelo mundo inteiro, uma imensidão de lençóis gelados. E o meu corpo sente a falta do teu corpo, de tocar qualquer coisa quente e macia, de ouvir outro ritmo que não o seu.

Lembro-me que passava as noites atrás de ti. Dizias que gostavas de dormir no teu canto, mas eu não deixava. Quando a tua respiração adormecia, chegava-me a ti, ao teu canto que depois era o nosso, como se a cama tivesse apenas um lado e não dois, e era lá que eu estava contigo.

Acho que o pior de tudo é este não perceber. Não saber em que ponto foste ficando para trás. Será que algum dia hesitámos ligeiramente no caminho, eu virei à esquerda e tu à direita, e eu não vi, eu não prestei atenção, assumi naturalmente que continuavas comigo, um pouco mais atrás porque nem sempre caminhámos à mesma velocidade. Durante quanto tempo me convenci que estavas ali e não estavas, já tinhas virado a tua vida para o outro lado, o esquerdo ou o direito, que interessa, apenas não o meu.

Quando é que o caminho deixou de ser para ti o que sempre foi para mim, até olhar para trás e perceber o vazio ao meu lado, o vazio atrás, o vazio mais longe onde os meus olhos chegavam e não te viram. Talvez o que a mim me aquecia, a ti te queimasse, o que me fazia avançar a ti te ferisse os pés, o que me impelia a continuar, a ti se afigurava triste e agreste, um sítio onde não querias estar.

E é porque agora olho para trás, e tudo continua na mesma, que não percebo. Continuo a gostar do caminho. Contigo. Mas tu já não estás.

Já escolhi a minha agenda para 2010


Adoro os livros do Planeta Tangerina. E as agendas!

Dá para acreditar nestas janelas e neste soalho?


Amo.

Não sei bem o que deva pensar

Além de telemóveis, viagens e afins, os sponsored links do meu gmail sugerem-me vários psicólogos com experiência comprovada.

9.11.09

Elogio num Domingo à tarde

"Mamã, és a mãe mais especial que já tive!"

6.11.09

Estamos quase no Natal, não é?


Adoro.

Gostar de plantas em casa





Normalmente não sobrevivem muito tempo...

Sonhos

Às vezes, sonho os meus desejos.
Quase sempre sonho os meus medos.

Crescido.

De frente para a sanita, pilinha de fora, para mim:
"Vês? Já não preciso de levantar os pés."

Linda.

"Sabes mamã, eu penso muitas vezes nisso de tu gostares muito de mim. Todos os dias antes de dormir, eu penso que tu gostas muito de mim e vais gostar para sempre."

5.11.09

Desejo a você...

"Desejo a você...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos(...)
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E o carinho meu."

Síntese da felicidade de Carlos Drummond de Andrade

Por outro lado



, também já me perguntei algumas vezes que raio de interesse terá um anúncio idiota como este.
Pergunto-me muitas vezes porque continuo a escrever um blog para quase ninguém além de mim própria. Continuo sem conseguir explicar.

Há qualquer coisa que me impele a guardar aqui bocadinhos dos meus dias, pequenas obsessões, coisas que me fazem feliz.
Enquanto houver algum prazer nisto, olha. Continuo.

4.11.09

Manualidades



Tenho uma máquina de costura enfiada na caixa desde que a comprei, há muitos meses. Vou sempre dizendo que é naquele fds que a vou tirar de lá e nunca acontece. Achei que uma boa estratégia era comprar uns tecidos lindos de Natal. Depois da despesa feita, duvido que a falta de motivação venha a ser problema.

Sugestões (com tutoriais, de preferência) de exercícios simples para os utilizar?

3.11.09

Quatro

Hoje de manhã decidiu que não precisava do degrau para lavar os dentes.

Ó mãe, eu já tenho quatro anos!


Depois constatou, desanimado, que o lavatório estava à mesma altura da noite anterior.

2.11.09

Até há pouco tempo, passava o Inverno inteiro sem calçar um par de botas







Este ano seria uma opção fácil (não tivesse eu aderido ao conforto das botas).
O que não falta aí são sapatos giros.
(Via Bandarra)