25.11.09

Nó na garganta

Apercebi-me recentemente do realismo incrível desta expressão.

Antes achava que fosse, sei lá, uma maneira gira de colocar a coisa, um eufemismo. Mas não. Quando se diz "era como se tivesse um nó na garganta", a sensação pode ser literalmente essa.

Nó. Na garganta.

Acho até que se se investigasse a coisa, se pudessemos espreitar delicadamente, se descobriria realmente ali um nó, as entranhas torcidas a asfixiarem-nos, como uma coisa que quer sair e não consegue, e se enrola na pressa de escapar, se atropela e se torce na aflição da fuga.

Um nó.

Uma coisa que ocupa espaço e nos comprime por dentro. Nos obriga a respirar devagar, a suster mesmo a respiração, a abrir e fechar a boca, a engolir em seco, a tentar empurrar para dentro.

Talvez o problema seja mesmo esse: não se pode empurrar tudo para dentro.
Depois as coisas formam nós dolorosos. Na garganta ou onde for.

3 comments:

  1. conheço bem a sensação...

    ReplyDelete
  2. Tens muita sorte de ter descoberto apenas recentemente. Eu descobri essa sensação há uns 10 anos e não foi bom. Não é bom.

    ReplyDelete