Apercebi-me recentemente do realismo incrível desta expressão.
Antes achava que fosse, sei lá, uma maneira gira de colocar a coisa, um eufemismo. Mas não. Quando se diz "era como se tivesse um nó na garganta", a sensação pode ser literalmente essa.
Nó. Na garganta.
Acho até que se se investigasse a coisa, se pudessemos espreitar delicadamente, se descobriria realmente ali um nó, as entranhas torcidas a asfixiarem-nos, como uma coisa que quer sair e não consegue, e se enrola na pressa de escapar, se atropela e se torce na aflição da fuga.
Um nó.
Uma coisa que ocupa espaço e nos comprime por dentro. Nos obriga a respirar devagar, a suster mesmo a respiração, a abrir e fechar a boca, a engolir em seco, a tentar empurrar para dentro.
Talvez o problema seja mesmo esse: não se pode empurrar tudo para dentro.
Depois as coisas formam nós dolorosos. Na garganta ou onde for.
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conheço bem a sensação...
ReplyDeleteeu tb
ReplyDeleteTens muita sorte de ter descoberto apenas recentemente. Eu descobri essa sensação há uns 10 anos e não foi bom. Não é bom.
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