19.4.09

Eu sou a minha separação.

De repente, toda a gente espera que eu fale sobre isso, que explique, que me queixe, que reclame, que faça e diga qualquer coisa. Mas sobre isso.
Eu sou a minha separação e não me apetece falar sobre ela.
Não me apetece falar sobre os sentimentos, as angústias, os motivos, as razões, o bom, o mau, o assim assim.
De uma forma que ninguém parece perceber muito bem, e tendo falado com poucas pessoas sobre isso no passado, tudo o que sinto sobre o assunto já se esgotou. Eu esgotei o assunto sozinha. Antes. E agora, sinceramente, estou cansada. Não me apetece. Não quero. E não sinto que tenha que o fazer.

Uma vez que poucas pessoas parecem interessadas em falar comigo sobre outra coisa, e existindo até quem se chateie por eu não abordar este assunto, passo cada vez mais tempo calada.

O preocupante nisto, e aqui falo de uma novidade (sempre fui de falar imenso sobre tudo e mais alguma coisa), é que o silêncio é extremamente viciante. Não só viciante como contagioso. Tendo começado pelo tema separação, sinto agora que me é difícil falar até de coisas agradáveis e boas, ficando de boca calada e incapaz de verbalizar tudo o que antes me produzia discursos formidáveis.

E quando tenho vontade de dizer qualquer coisa, dou muitas vezes por mim a pensar: bom, esquece lá isso.

17 comments:

  1. Eu entendo.
    Mas vá lá: diz qualquer coisa sobre o que te apetecer, porque eu gosto de te ler.

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  2. ola

    escreve e fala , doq ue quiseres, eu aqui saboreio tudo o que dizes seja o que quiseres dizer e nao te julgo simplesmente te peço que nao te cales, bjs grandes
    Ana Matos

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  3. este post parece aqueles que dizem «vim só aqui dizer que ando sem inspiração para escrever».

    caramba, se não te apetece falar sobre a separação porque raio falaste agora?

    estão com vontadinhas de saber se andas agoniada, se sofres, se andas feita uma maluca, se te arrependeste... se...? é isso que as pessoas têm?

    elas que se lixem!

    se gostam de c'ódrilhices (esta parte devia estar em itálico) disfarçadas de actos de solidariedade, então comprem a caras ou a lux.

    (exagerei, não foi? que vergonha. se perguntarem diz-lhes que tinha falhado a medicamentação, ok?)

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  4. Não tens que fazer o que os outros querem mas sim o que tu queres.
    E se não te apetecer falar, não fales. Por vezes sabe bem.

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  5. :) de facto o teu blog, como já te disse, subiu de audiência nos últimos tempos!! E agora vou ali comprar a Lux...

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  6. Também acho que o silêncio é viciante.
    Um dia qualquer disseram-me (até a propósito de uma separação)que havia coisas que tínhamos de passar sozinhos mas não tínhamos de passar calados...na altura fez-me sentido, agora já não me faz.
    Tânia

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  7. O Pitx falou e disse!
    Fala do que te apetecer aqui prá malta.
    Por exemplo, falemos do tempo, é sempre uma muleta boa... "Diz que" a temperatura vai subir!
    (Sempre adorei o "diz que"... e o "eles isto ou aquilo" - ainda hoje não sei quem diz que, nem quem são eles...)
    Por isso fala de paisagens bonitas que fotografas tão bem, ou das novas Fly London... ou de malas! Mostras sempre cada mala, pá, vai-te lixar, sempre caras, mas pronto, ok, tás perdoada.
    Como diz a "cocó na fralda" (o outro meu blog de culto), cá beijinho, Xana, cá beijinho!
    AnaV
    PS - olha... será que são "eles" que "dizem que"??

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  8. O problema dos silêncios é quando se está a acumular para dentro e depois sai tudo em diarreia verbal (o pitx é que começou...)!!!!
    Cá estamos para tudo isso e mais alguma coisa, para os silêncios é que como já te deves ter apercebido ficamos muito impacientes e depois tinhas de nos aturar outra vez a suplicar que voltasses a dar notícias. :P

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  9. É humana essa reação das pessoas. Eu Nunca compro revistas como a Lux e agora venho aqui todos os dias (mas tb já ia aos teus outros blogues sempre que postavas)É humana e muitas vezes não maldosa essa reação das pessoas. Quando das minhas gravidezes mal sucedidas, tb as visitas ao meu antigo blog dispararam, assim como quando fiz um FIV (pessoas que acho que nunca lá param, apareceram ... assim como primas minhas que nunca telefonam, me ligaram). Eu não sou "a minha infertilidade Secundária", mas muita gente, até da família, me conota com isso. Paciência. É chato, mas é assim e é inócuo, porque não somos obrigados a corresponder.

    E desculpa contrariar-te, mas "tu não és a tua separação". E que tal umas fotos?

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  10. se estamos a falar dos amigos, que como eu, só conhecem a vossa família enquanto tal, o anormal seria é que desprezassem este novo estar. os amigos preocupam-se, querem saber e estranho seria se não o demonstrassem.

    provavelmente é para ti mais fácil viver esta nova vida porque a interiorizaste há mais tempo. e sim, os amigos querem saber como estás, como é agora, como está a ser com os miúdos e se te arrependeste. não vejo mal nem concordo com os comentários, lamento.

    o desmoronar de uma família não afecta só os implicados, mas toda uma rede que só vos quer bem.

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  11. Concordo com a Ana Rute. É mto mais do q voyeurismo. Faço isso com os meus amigos reais: perguntar se estão bem e se querem ajuda. Eles falarão qdo e se assim o entenderem.

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  13. A questão é mesmo o que dizes, se eras uma pessoa que falava muito de tudo e agora não falas isso preocupa quem te conhece melhor. Claro que há sempre a outra gente que quer é saber de tudo para cuscar com o do lado e com esses é mesmo manter o silêncio e andar para a frente.
    E sim o silêncio é algo viciante subitamente passamos dias inteiros a conversar connosco próprias, sei que caio nisso tantas vezes e nada tem a ver com separações ou problemas é feitio mesmo :P Por isso mantenho o blog, que por as coisas por escrito sempre é mais saudável e ajuda (-me) a estruturar ideias que correm soltas aos trambolhões cá por dentro e sempre dá aquela sensação de aliviar um bocado o cérebro.

    (desculpa a enormidade dos meus comentários mas quem me conhece por aqui sabe que não tenho poder de síntese nenhum :P)

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  14. Acho que a Ana Rute disse tudo. Eu não te conheço, mas acompanhei a tua família desdes os tempos em que a I. era pequenina, toda a gravidez do J...bom...acabamos por nos apegar às pessoas, por mais ridículo que isso possa parecer, afinal isto é só a blogoesfera, nada muito pessoal, mas não é assim que sinto.
    Fiquei triste, verdade. O primeiro impulso é por-me no lugar de. Não tenho nada com isso. São decisões da vida de cada um. Não é pelo que se lê no blog que se pode avaliar uma coisa destas. Mas continuo a gostar de te ler. Fales muito ou fales pouco. Fales do que fales.
    No fundo, quando as coisas são chatas ou incómodas, todas as perguntas aborrecem. Sei disso.
    Mas não te feches.
    Bjs

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  16. Muita gente que aqui vem e que, tal como eu, (praticamente) só te conhece do blog deve ter pensado e sentido o que eu senti e que foi qualquer coisa como: "eles? Nãaaa, não pode ser! eles eram o casal perfeito". Isso causa uma certa estranheza nas pessoas e talvez por isso tanta gente queira perceber como, porque aconteceu. A natureza humana é mesmo assim...por um lado querem tentar acalmar fantasmas - é pá, se lhe aconteceu a ela, também me pode acontecer a mim...-, por outro muita gente passou, está a passar ou pensa que tudo indica que virá a passar algures no tempo pelo mesmo. aqui as pessoas procuram em ti aquilo que tu sempre ofereceste de melhor: explicar em palavras o (quase) inexplicável para a maioria das pessoas mas que, curiosamente, é o pensamento da maioria. Confusa? Acho que percebes.
    Entendo o teu cansaço em falar sobre o assunto. Como se não merecesses um comentário, uma pergunta, uma conversa, qualquer coisa que te diga respeito a ti e apenas a ti: a Xana, só a Xana. Não a ex-mulher Xana, a mãe Xana ou a recém-separada Xana.
    Mas acho, mesmo, que as pessoas não o fazem por mal. no meu caso fiquei preocupada porque gosto de ti - sabes bem disso, sempre te disse que eras a minha musa inspiradora da escrita (e sei que ficas um bocado envergonhada com isto, mas é verdade). Vocês eram daqueles que havia efectivamente "partilha de tarefas" e que tinham a sorte de terem os mesmos horários e conseguirem estar sempre juntos nas alturas críticas do dia. Pareceu-me, assim de imediato, que para ti seria complicado habituares-te a fazer tudo sozinha. Muito mais complicado do que para a maioria das mães que conheço.
    Depois também há os "mensageiros da desgraça", e esses sim acho que são para enxotar e de preferÊncia responder torto. Aqueles, que todos nós conhecemos, que parece que só aparecem quando lhes cheira a "tragédia" (passo o exagero). São esses que adoram ver os "Perdoa-me" e afins desta vida. Normalmente têm vidas tão vazias e chatinhas que só facto de imaginarem que alguém pode ter problemas os faz sentirem-se felizes.

    Desculpa ter-me esticado no comentário, mas poder de síntese não é o meu forte.

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  17. Oi,

    concordo com a Ana Rute e com a Flores.
    Queremos saber como estás, como estão a correr as coisas, o que precisas, o miúdos, ...
    Mas não queremos que digas o que queres guardar só para ti, queremos estar contigo, que sintas que estamos cá para quando precisares de nós, nem que seja só para dizer olá.
    Estamos cá para vos acompanhar, porque queremos o melhor para todos.
    beijo grande.

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