"Era baixa, mas tão robusta e calma, como se o seu corpo conhecesse algum segredo. Como se escondesse algo nos ossos, no sangue, na carne, o segredo do tempo ou da vida, algo que não pode ser dito aos outros, que não pode ser traduzido para outra língua, porque as palavras não suportam esse segredo."
As velas ardem até ao fim, Sándor Márai
Conheço poucas pessoas assim.
Todas as outras parecem ter as suas tempestades interiores, melhor ou pior disfarçadas, mais ou menos assumidas.
Esta descrição faz-me pensar na tia A., perto de quem cresci. A minha mãe era toda nervosismos e preocupações, a casa impecável, frágil, e a minha tia era assim mesmo. Pequena, robusta e calma, com uma boa disposição e alegria que sempre achei misteriosas. Acho que continua a ser. Quando penso nela, vejo-lhe sempre as gargalhadas despudoradas e sinceras.
Este tipo de pessoas, genuinamente tranquilas, faz-me sempre sentir relaxada. Como se perto delas estivesse a salvo dos infortúnios. Absorvida por aquela paz com a vida.
30.3.11
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