Liga-me bem cedo, a pedir-me para não telefonar à mãe, para não a acordar. Conta-me, em tom de desabafo, que teve que a levar para o hospital a meio da noite e chegaram a casa quase de manhã. Que lhe deu o pequeno-almoço e a deitou. Assim, num tom de intimidade que poucas vezes conseguimos ter.
O meu pai é ríspido e duro e autoritário, foi sempre assim. Sei que gosta de mim, pois claro, mas senti poucas vezes esta coisa do cuidar e proteger, era sempre mais o ralhar e exigir.
É injusto quando cada um dos pais tem papéis distintos no educar, acho. Para ambos devia haver espaço para a disciplina e para o carinho. Suponho que tenha sido em parte uma questão cultural, mas neste caso também uma questão de feitio.
Tenho pena, porque quando era miúda, não lhe conseguia adivinhar o carinho e a preocupação por trás dos ralhetes e das palavras duras. Agora sim. Mas antes...
É por isto, suponho, que me custam tanto as palavras duras que eu própria digo aos meus filhos. Mesmo que haja também espaço ao carinho e à compreensão. Não as consigo evitar, porque são necessárias, como os mimos, mas arranham-me a sair pela garganta.
Carregam tanta coisa, as palavras.
11.2.11
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Acho que sim, na altura os pais exerciam mais a "autoridade" do que as mães. Lembro-me da minha dizer, como ameaça, "vou contar ao teu pai".
ReplyDeleteBeijinho e as melhoras da tua mãe!
Se carregam...
ReplyDeleteLá em casa tb era assim, e as relações de filhas/pais por muito que sejam diferentes do que então, nunca serão de tanta intimidade como com a mãe. Pelo menos assim o sinto.
Quê, tu conheces o meu pai?
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