15.2.11

Manhã

Não gosto daquela entrada na segunda circular. É uma curva apertada e inclinada, e não é a primeira vez que sinto o carro deslizar, com o piso molhado. Desco devagarinho, a respiração meio suspensa, como sempre. Mesmo no fim da curva, o carro começa a fugir todo para o lado, vejo-me a ser empurrada rapidamente na direcção do passeio, viro o volante devagar, tento não travar demasiado, o carro agora todo a virar para o outro lado, não tenho tempo de nada, nem de me afligir. Estou parada, finalmente. Outro carro passa por mim na descida. Segundos antes eu estava atravessada ali mesmo, às voltas. E o coração enfim a reagir. Tum tum, tum tum, na boca.

É mesmo assim, não é? O chão que de repente nos foge. E quando damos conta, estamos às voltas, a tentar não ir contra nada, a lutar por uma réstia de domínio da situação, a tentar que a redoma à nossa volta não se estilhace.

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