Sentamo-nos à mesa, ela muito sorridente e maquilhada, bonita. Penso que deve ser mais nova que eu. Penso que não deve ter filhos. Sinto-me à vontade com ela. O M. tem uma expressão meio desconfortável.
Fala que esteve com o nosso filho, que estabeleceu uma relação e que foi extremamente fácil. Que ele ria muito e colaborava e queria ficar com ela e brincar mais e fazer mais jogos. Que é muito inteligente.
Penso que é estranho vermos os nossos filhos pelos olhos dos outros.
Apetece-me dizer Mas ele não é assim. E, logo a seguir, Pois, ele é mesmo assim.
Achamos que os conhecemos melhor. E depois ela diz Ele fez este jogo todo sem dificuldade!, e eu a pensar Bolas. Eu não sabia que ele já era capaz. E ela descobriu em meia-hora.
O que é que eu faço em todas as nossas meias-horas juntos?
Discutimos a questão da televisão, as regras que devem ser parecidas nas duas casas.
Eu preciso da televisão. De os ter sossegados um bocadinho. O M. não.
E de repente.
Eu às vezes não sei o que fazer com eles.
Eu às vezes estou demasiado cansada.
Antes era quase sempre o M. que brincava com eles.
E agora sou só eu. Todas as minhas meias-horas só eu.
E às vezes não sei.
Os olhos cheios de lágrimas e ela a sorrir à minha frente, tão bonita, mais nova que eu. Provavelmente sem filhos. A dizer-me como fazer.
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é muito mais fácil quando se está de fora. eu também estou sempre cansada e sem paciência. não faço ideia de que regras têm em casa do pai.
ReplyDeleteGlup! Um beijo, querida amiga. Do Algarve, longe fisicamente, mas pertinho, em tudo o resto. Gosto muito de ti. E tenho saudades tuas!
ReplyDeleteeu tomei contei de 2 filhos de outros cá em casa durante 4 dias seguidos e tive a prova provada de que é totalmente diferente tomar conta (entreter ou disciplinar) os nossos filhos ou os de outros.
ReplyDeleteo adulto toma um tipo de atitude diferente e os miúdos tb - depois assisti à chegada dos respectivos pais e irmãos... foram mais 4 dias seguidos a ver aqueles mesmos filhos afinal tão iguais aos meus (mas para os paizinhos deles!)
faz parte...
não te martirizes. aproveitem bem a rapariga livre de filhos desde que responsável. e tu encontrarás formas de te reabasteceres de energia para todas as meias-horas em que te testam os limites.
Bem... eu descobri(-te) agora. Cá estarei novamente! E que estes novos dias se convertam rapidamente nos melhores dias. Abracinho :)
ReplyDeleteNão nos conhecemos mas há muito que eu acompanho os teus dias.
ReplyDeleteQuando aqui aterrei fiquei sem ar.
Li tudo de rajada para ter a certeza que não me tinha enganado, que não tinha interpretado mal.
Eu podia imaginar qualquer coisa.
Mas isto não, caramba.
Mas então eles viajam, eles enrolam-se em mantas encostados um ao outro a ver televisão, eles fazem pão e panquecas em casa, eles vão ao cinema os dois, saem com amigos, tomam o pequeno almoço em esplanadas à beira-mar aos sábados de manhã, eles, eles, eles...
Incredulidade total.
E se calhar por já ter estado à beira dessa realidade, sem te conhecer, sem vos conhecer, sinto-me mais próxima de ti do que alguma vez antes.
Parabéns por partilhares genuinamente os teus novos dias.
ouch.
ReplyDelete...ouch...
(não sei se isto vai assina como rosmaninho se como a mãe dos miúdos, em qualquer um dos casos sou eu, a sónia)
ai xana...um abraço forte aqui deste lado.
ReplyDeleteestou completamente com a Pal. Parece tão fácil quando é alguém de fora e só meia hora. E a pachorra que eu tinha quando era baby-sitter durante anos a fio?
ReplyDeleteEla a dizer-te como fazer...Nada contra procurares apoio, mas sabes muito bem que tens de duvidar menos de ti.
Festinha.
um bj Xana.
ReplyDeleteXana, estou com a Ana Rute: duvida menos de ti. És humana, por vezes estás cansada, impaciente... mas és mãe e mulher, esta combinação quase nunca não falha, verdade?
ReplyDeleteAs forças e o ânimo vêm não se sabe de onde.
Abraço apertado!
AnaV
(olha, eu às vezes socorro-me do sitejunior)
Ai valha-me tudo... então eu não escrevi quase nunca não falha????
ReplyDeletePara animar, maravilha...Claro q era quase nunca falha :-)
Beijos,
AnaV (a destrambelhada a escrever)
Eu não vivi o que estás a passar. Não na pele. Mas vi-o muito de perto com alguém de quem gosto muito.
ReplyDeleteAs regras devem ser parecidas, mas não têm que ser iguaizinhas. Porque os pais não são iguais. E os miúdos estão fartos de saber isso. E se tu precisas que eles vejam um bocadinho de televisão, precisas e pronto. Antes isso do que perderes o fôlego e acabares o dia a gritar com eles.
Beijo.
És humana e mãe.
ReplyDeleteE tal como dizes, até há bem pouco tempo tinhas alguém para ajudar. Agora estás sozinha e tens as mesmas coisas para fazer (ou talvez o dobro).
Não te martirizes.
Beijos
This comment has been removed by the author.
ReplyDeleteBeijo grande, Xana. Só agora me apercebi.
ReplyDelete(...e não fiques intrigada com o comentador anterior - fui eu que comentei mas a google acount estava com o nome do meu gajo e eu nem reparei...)
ReplyDeleteXana,
ReplyDeleteNem sei o que te dizer, apenas que lamento o sucedido e que tenhas muita força, as vezes sentimo nos cansados com ajuda e nem quero imaginar sem ela, parabens por seres quem es e aguenta te,bjs grandes
ana matos
Xana: não te conheço pessoalmente mas há muito que leio os teus blogs.
ReplyDeleteSou amiga da Pal :)
Muita força e pensamento positivo!
Beijinhos,
Ana
ainda aqui volto, para dizer que brinco imenso com o meu filho. somos mesmo muito cumplices maaas ... a TV às vezes faz-me muita falta, nem que seja para aquela meia horinha em que ele está caladinho, a casa fica silenciosa e eu recupero um bocadinho de tanta energia.
ReplyDeletemais um bj!!
Minha querida!
ReplyDeleteOs outros têm sempre algo a dizer sobre tudo, mas...como dizes, ela parece não ser mãe. E compara lá o tempo que passas com eles e o tempo que ela passa. Não vamos sequer referir que mãe é mãe.
Tu educa-os como sabes e podes. Confia. Confia em ti.
Pronto. Tudo dito!
Bjs e coragem
Ana F. (www.o-feitico-da-lua.blogspot.com)
Concordo quando te dizem para confiares mais em ti. A mãe/pai que nunca se socorreu da televisão para entreter os filhos um bocadinho que atire a 1ª pedra.
ReplyDeleteForça e pensamento positivo!
então não somos omnipotentes nem omnipresentes, pois não, não somos. somos o melhor que conseguimos porque os amamos de uma forma visceral, com as entranhas. e somos melhores quando nos recriminamos menos :-)
ReplyDelete(escrevi isto para ti e para mim mesma ;-))
continua com a Tua coragem :)
Xana sou filha de pais separados e conheço alguns casos de separações próximas de nós, da minha experiência te posso dizer: é importante sim haver regras semelhantes nas duas casas e coerência na educação de ambos mas...essa coerência não passa pelo se vêm tv na casa de um e não vem no outro isso é um pormenor na vida deles, importante importante é definirem coisas como regras básicas nas rotinas diarias deles (horarios, o que podem ou nao fazer em certas situações) para que eles nao tenham de andar a adaptar-se a novos horarios casa vez que vão para a casa de cada um. Manter rotinas e uma estrutura fixa na vida deles parece-me o essencial ou resto (tv, doces, passeios, etc) são coisas a que eles facilmente se moldam estando com um ou com o outro, aliás até é giro terem coisas diferentes dos dois lados assim sempre podem tirar algumas coisas boas da nova situação ;)
ReplyDeleteEles com esta idade adaptam-se num instante vais ver. (eu tinha 12 anos e acho que com essas idades é mto mais complicado...)