De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes, "Antologia Poética"
Adormeco com a luta difícil de largar o que já não é, e acordo com a mais terrível prova da impermanência: a morte de quem se gosta.
Tenho vindo a aprender a importância de aceitar a impermanência das coisas, como forma de ser mais feliz. É uma aprendizagem exigente para mim, que me agarro desesperadamente a tudo, em busca de conforto e segurança. É como se sempre tivesse vivido a alimentar as minhas raizes, e precisasse agora de aprender a viver sem nada que me segure.
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