Os meus pais chegaram cedo, no dia 23, completamente indiferentes às ameaças de mau-tempo repetido e um mini-ciclone atrás das costas. Eu bem lhes disse que era melhor virem no dia a seguir, de manhãzinha, a salvo do vento e da chuva, mas nada. Tenho cada vez mais medo do meu pai a conduzir. Continua a fazê-lo depressa, mas agora está velhote e distraído. Sinto-me mãe deles, cheia de medos, cada vez que viajam.
Eu e a minha mãe estreámos o primeiro Natal em Lisboa (como gostei, espero que não seja o último) a passear e nas compras, entre o Saldanha e a Baixa. Aparentemente, estava muita gente em casa, a preparar a ceia natalícia, porque não havia confusão nenhuma e foi óptimo.
A luz falhou quando a minha mãe estava prestes a pôr o bacalhau no forno (alternativa feliz a quem não acha grande graça ao bacalhau cozido, e isso inclui-me a mim). Acendi velas pela casa toda, o que deixou o meu pai inquieto ("Mas que exagero, gastas um montão de velas sem necessidade nenhuma!", "Oh pai, deixa lá, fica bonito!", argumento que obviamente não o sensibilizou), e aguardámos mais de meia hora que voltasse. A ideia do jantar de Natal naquela semi-obscuridade confortável até nem seria má, não esperassemos nós a mãe da ex-mulher do meu tio (isso mesmo), senhora de uns 80 anos, num oitavo andar.
Quando o jantar acabou, e uma vez que não havia crianças para exigir a distribuição de prendas, assumi eu esse papel, só para manter a tradição, claro. Toda a gente fez piadas, mas a verdade é que a minha excitação é sempre maior com as prendas que vou dar, que com as que vou receber.
Os meus pais adoraram a moldura digital, apesar de no primeiro momento não terem percebido muito bem a piada de receber uma moldura toda preta e ainda por cima sem foto. A expressão de confusão na cara deles foi qualquer coisa.
Os meus irmãos receberam uns cubos de acrílico com fotografias ("Pois, desde que tens filhos, só nos dás fotos dos teus filhos de prenda de Natal") e eu recebi um perfume (mais um), um vestido e um roupão da hello kitty (sem comentários). O meu irmão deu-me um ferro de passar, e não, não foi por piada, foi porque eu pedi (entretanto o meu ferro antigo parece ter ressuscitado e vou trocar este por um aspirador).
No dia a seguir chegaram os miúdos, eufóricos das prendas recebidas e das prendas por receber.
O resto dos dias passou-se entre muita confusão, comida, doces e o histerismo das crianças. No Domingo à tarde, quando fiquei sozinha, suspirei de alívio.
É uma altura do ano que aprecio muito, mas mais que 3 ou 4 dias disto seria, sem dúvida, complicado.
Agora não me venham falar muito na passagem de ano, que para mim é uma noite como outra qualquer.
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:)
ReplyDeleteAcho que é a primeira vez que nos contas o teu Natal.
para mim também é uma noite como outra qualquer. é tão bom poder admiti-lo.
ReplyDeletepassagem de ano tb para mim é igual ao litro.
ReplyDeleteentão o M. tb passou em Lisboa? que giro...
Será, no mínimo, uma noite como outra qualquer em que jantas com amigos. E jantar com amigos é bem fixe! ;)
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