7.8.09

Sexta-feira

As minhas sextas são bipolares.
Existem as sextas de ir buscar os miúdos e as sextas de ficar sem os miúdos.

As primeiras são uma excitação, o tempo a arrastar-se devagar nos ponteiros do relógio, uma espécie de euforia crescente. Na minha cabeça e no meu coração, a imagem que tenho é a de os abraçar, de lhes sentir o cheiro de pequeninos, os cabelos macios, de ver o sorriso exuberante do J. (corre sempre para mim) e o mais tímido e contido, às vezes quase indiferente, da I. ("Tens pastilhas, mamã?", como se uma semana fosse afinal um tempo pequeno e suportável, já interiorizado).

As sextas de os deixar são um misto. Normalmente estou muito cansada fisicamente. Imagino que vou chegar a casa e conseguir esticar-me no sofá, não fazer jantar nem quase nada, descansar, afinal. Mas nunca é um descanso feliz. É como se toda a angústia da semana se concentrasse no momento em que entro em casa e a encontro vazia e silenciosa. Deito-me no sofá, é certo, descanso, é verdade, mas sinto-me sempre infinitamente sozinha e infeliz.

Hoje é uma sexta das boas.

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