13.8.09

Bichos

Da terrinha longínqua onde cresci, recordo com saudade poucas coisas. Acho que não fui feita para pequenas densidades populacionais. É tudo demasiado familiar e próximo e eu gosto (muito) do meu espaço.

Tenho saudades, por exemplo, das rãs no rio. Da cantoria desenfreada nas noites mornas, de adormecer a ouvi-las.

O que nunca esperei foi ouvir, às 23h30 da noite, no meu 8º andar na cidade, um grilo do lado de fora da janela. Tanto não me ocorreu, que achei que não podia ser. Não só não me pareceu que todo aquele estardalhaço pudesse ser produzido por uma criatura tão minúscula (assim que desatou a cricar, apanhei tamanho susto que me apressei a fechar as janelas e puxar os estores para baixo), como achei pouco provável que o grilo tivesse voado tantos andares desde o chão.

Mas depois de um telefonema a um amigo que teve a infelicidade de estar online no messenger (Consegues ouvir?), o improvável revelou-se afinal bastante provável. Que sim, que era um grilo. E um grilo entusiasmado, devo dizê-lo.

Deitei-me mais cedo, incomodada com a barulheira, mas nem a incursão até à ponta oposta da casa me salvou da criatura. Ouvia-se em todo o lado.
Hoje acordei e o silêncio imperava. Vamos ver o que acontece esta noite.

"Mamã, os grilos têm língua?"

No comments:

Post a Comment