20.3.09

Eu, tu, eles, nós

Continuo a conjugar-nos da mesma forma, no plural.
Ontem, em conversa, saiu-me um nós. Foi enorme, o nós.
Foi incómodo.

Foi a evidência do que já não existe, como se tornasse tudo óbvio, mais que todas as vezes que disse que já não estamos juntos, mais que o ar de espanto da nossa filha, que o choque, a surpresa, o choro, a cama vazia, os caixotes que ainda não vi.

Deve ser isso o mais difícil. Não as evidências do que se alterou, mas aquilo que ainda falta conhecer, ajustar, aceitar e que só se sente no espanto da mudança.

5 comments:

  1. Dizes tudo aquilo (e percebes, parece-me) o que eu não consegui há mais de um ano atrás e só agora atingi.
    Beijo grande para ti.

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  2. Não fazia ideia. E não tenho palavras.
    Acredita que não vos conhecendo, vos achava feitos um para o outro.
    Um beijo

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  3. pois... também estou espantadissima e compreendo isso perfeitamente, esse "nós" já tão longe mas ainda tão presente.
    E nunca me vou esquecer do momento em que num jantar com ex e novos namorados chamei o ex pelo ex-nosso "petit nom"...

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  4. há coisas que me chocam, e já te leio há tanto tempo e talvez seja por isso que ainda me choca mais... não acredito que mais estas palavras te consigam minimizar a situação, porque jamais o farão, nunca nos conhecemos, mas é como se te conhecesse, o(s) teu(s) blog's foram sempre os meus preferidos, e por mais blogues que venhas a ter gostava muito de te poder acompanhar, não sei explicar, é como se te conhecesse, já deves ter lido/ouvido isto centenas de vezes, mas sou mais uma de tantas pessoas que no meio de tanta estranheza nos identificamos tanto.
    já ri tanto com a tua escrita, sabias que já perdi as vezes em que reli alguns post's do teu blog "dia a dia"? é tão maternalmente doce, e o anterior a este, ri tanto com alguns post's... ás vezes quando conduzo e me encosto ao banco a apahar sol, não sei porquê, mas lembro-me de escreveres sobre o quanto gostas de o fazer tb, vocês pareciam tão felizes, e choca-me ainda mais.

    se calhar vais achar estas palavras uma intromissão, mas nem sei mais o que escrever, estou como que "anestesiada"... desculpa.

    beijinho grande

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  5. Agora dou comigo a ler estes teus (velhos) novos dias e penso o quanto alguns desertos podem ser difíceis de atravessar. Tento sempre pensar que a outra margem está lá, não muito bem definida, mas que está lá. Não sei há quantos anos leio os teus blogs e tb eu não esperava ler esta página da vossa vida. Mas tb já li tantas da minha vida que não esperava ler (boas e más).

    Um bj e um brinde ao lento desvanecer desse espanto da mundança.

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